Esclarecendo
Todos os estudiosos que percorreram o Brasil,
estudando alguns detalhes dos seus oito milhões e
meio de quilômetros quadrados, se apaixonaram
pela riqueza das suas possibilidades infinitas. Eminentes
geólogos definiram-lhe os tesouros do solo e
naturalistas ilustres lhe classificaram, a fauna e a
flora, maravilhados ante as
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zeiro a árvore magnânima do seu Evangelho, a fim de
que os seus rebentos delicados florescessem de novo,
frutificando em obras de amor para todas as criaturas.
Ao cepticismo da época soará estranhamente uma afirmativa
desta natureza. O Evangelho ? Não seria mera
ficção de pensadores do Cristianismo o repositório de
suas lições ? Não foi apenas um cântico de esperança
do povo hebreu, que a Igreja Católica adaptou para garantir
a coroa na cabeça dos príncipes terrestres? Não
será uma palavra vazia, sem significação objetiva na
atualidade do globo, quando todos os valores espirituais
pare-cem descer ao sepulcro caiado" da transição e
da decadência? Mas, a realidade é que, não obstante
todas as surpresas das ideologias modernas, a lição do
Cristo aí está no planeta, aguardando a compreensão
geral do seu sentido profundo. Sobre ela, levantaram-se
filosofias complicadas e as mais extra vagantes teorias
salvacionistas. Em seu favor, muitos milhares de livros
foram editados e algumas guerras ensangüentaram o
roteiro dos povos. Entretanto, a sublime exemplificação
do Divino Mestre, na sua expressão pura e simples,
só pede a humildade e o amor da criatura, para ser
devidamente compreendida. Do seu entendimento decorre
aquele "Reino de Deus" em cada coração, de que falava
o Senhor nas suas meigas pregações do Tiberíades
— reino de amor fraternal, cuja luz é o único elemento
capaz de salvar o mundo, que se encaminha para os
desfiladeiros da destruição.
E os verdadeiros aprendizes, os crentes sinceros no
poder e na misericórdia do Senhor, esperam, com os
seus labores obscuros, o advento da cristianização da
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humanidade, quando os homens, livres de todos os
símbolos sectários de separabilidade, puderem entender,
integralmente, as maravilhas ocultas da obra
cristã. Nas suas dolorosas provações dos tempos modernos,
quando quase todos os valores morais sofrem o insulto
da mais ampla subversão, esses espíritos heróicos
e humildes sabem, na sua esperança e na sua crença,
que, se Deus permite a prática de tantos absurdos,
por parte dos poderosos da Terra, que se embriagam
com o vinho da autoridade e da ambição, é que todas
essas lutas nada mais representam do que experiências
penosas, por abreviar a compreensão geral das
leis divinas no porvir. E, serenos na sua resignação e
na sua sinceridade, conhecem, ainda, que as lições do
Evangelho não são símbolos mortos e aguardam,
cheios de confiança no mundo espiritual, a alvorada
luminosa do renascimento humano.
Nessa abençoada tarefa de espiritualização, o
Brasil caminha na vanguarda. O material a empregar
nesse serviço não vem das fontes de produção originariamente
terrena e sim do plano invisível,
onde se elaboram todos os ascendentes construtores
da Pátria do Evangelho.
Estas páginas modestas constituem, pois, uma contribuição
humilde à elucidação da história da
civilização brasileira em sua marcha através dos
tempos. Têm por único objetivo provar a excelência
da missão evangélica do Brasil no concerto dos
povos e que, acima de tudo, todas as suas realizações
e todos os seus feitos, forros dos miseráveis
troféus das glórias sanguinolentas, tiveram suas
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origens profundas no plano espiritual, de onde Jesus,
pelas mãos carinhosas de Ismael, acompanha desveladamente
a evolução da pátria extraordinária, em
cujos céus fulguram as estrelas da cruz. São elas,
ainda, um grito de fé e de esperança aos que estacionam
no meio do caminho. Ditadas pela voz de
quem já atravessou as estradas poeirentas e tristes
da Morte, dirigem-se aos meus companheiros e
irmãos da mesma comunidade e da mesma família,
exclamando:
— Brasileiros, ensarilhemos, para sempre, as
armas homicidas das revoluções!... Consideremos
o valor espiritual do nosso grande destino.' Engrandeçamos
a pátria no cumprimento do dever pela
ordem, e traduzamos a nossa dedicação mediante o
trabalho honesto pela sua grandeza! Consideremos,
acima de tudo, que todas as suas realizações hão de
merecer a luminosa sanção de Jesus, antes de se fixarem
nos bastidores do poder transitório e precário
dos homens! Nos dias de provação, como nas
horas de venturas, estejamos irmanados numa doce
aliança de fraternidade e paz indestrutível, dentro
da qual deveremos esperar as claridades do futuro.
Não nos compete estacionar, em nenhuma circunstância,
e sim marchar, sempre, com a educação e
com a fé realizadora, ao encontro do Brasil, na sua
admirável espiritualidade e na sua grandeza imperecível!
HUMBERTO DE CAMPOS. (Espírito)
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